Mulheres que Realizam – Elizete Gonçalves – Janeiro

Nossa escolhida para o primeiro Mulheres que realizam do ano é Elizete Gonçalves Lebrão, 54 anos casada há 32 anos três filhos: Rafael, Gabriel e Vitória.

Nos recebeu em um de seus quatro restaurantes, Cantinho do Tempero, numa manhã de sexta-feira em meio a tantos afazeres, fornecedores para atender, tomando seu café da manhã sentada em uma das mesas com muita determinação e um grande sorriso a dona “xicrinha” (esse apelido eu conto depois) nos recebeu com a seguinte pergunta: “Porque eu?”

As mulheres que realizam procuram mulheres reais, com vidas reais, intensidade nessa caminhada, nessa construção e uma bagagem de emoção, choro, sorriso nessa trajetória faz parte de Elizete. Porque ela? Porque essa mulher Realizou, Realiza e ainda vai realizar muito.

Filha de um Pedreiro e uma lavadeira, com 10 irmãos, Elizete ingressou no mercado de trabalho com 13 anos, na feira no bairro da Vila Kenedy, no Rio de Janeiro, são memórias muito fortes.

Veio de Minas Gerais com 4 anos de idade e sempre muito falante e ágil, quando seu pai a trouxe para o Rio de Janeiro, Elizete sempre foi muito comunicativa, falava com todo mundo na rua, uma criança muito esperta e ativa.

Era uma casa pequena com 12 pessoas, a mãe dividia uma bisnaga bengala para todos e a parte de Elizete era a ponta da bisnaga, e o desejo dela nessa época era comer aquele pão todo, não somente a ponta.

“Eu cresci chateada com aquilo, nunca tive oportunidade de comer um biscoito recheado, e isso precisava mudar.”

Quando se tratava de almoço, os pais e os filhos mais velhos comiam as melhores partes do frango e os mais novos comiam as partes inferiores, a escolha dela se limitava ao pé, pescoço e asa e ela não aceitava isso.

Entre os 8 e 9 anos, já era latente o desejo de trabalhar, ela queria comer melhor, pensava muito nessa questão da escassez, sua mochila da escola era um saco de 5K de arroz onde levava o caderno e o lápis.

A primeira ideia foi junto com seu irmão Elvis, pegar o carrinho de rolimã e oferecer ajuda as pessoas na feira para levar as sacolas no carrinho, e poder gerar algum valor de gorjeta pela ajuda.

Era uma realidade muito difícil, sua mãe lavava muitas roupas para fora para poder ajudar com as despesas para manter esses dez filhos, seu pai era um excelente pedreiro, porem alcoólatra, Elizete vendia bananas na rua e o pagamento eram frutas, legumes e verduras que levava para casa. Aos 15 anos já esgotada da situação muito difícil teve uma conversa com seu pai que desejava um trabalho fixo, era uma adolescente maltratada cheia de espinhas, o que a incomodava muito, “eu usava pomada Minâncora para melhorar as espinhas, mas não resolvia”.

Um dia com muita determinação e a certeza de que conseguiria um trabalho fixo pegou os classificados do jornal e viu um anuncio de balconista numa padaria em Nilópolis, acordou as 4 horas da manhã, escondida da sua mãe e foi até o endereço para se oferecer a vaga, “Deus sempre esteve comigo em toda a minha trajetória de vida, e eu tenho uma marca em mim, nunca me esqueço do meu passado, dos lugares, das pessoas que estiveram comigo nessa caminhada, tenho uma excelente memória. “

“Chegando a padaria, me deparei com uma padaria suja e feia, sem cuidados, mas que fazia pães muito bonitos e gostosos, padaria Elite, entrei e comecei a ajudar o padeiro mesmo sem ele solicitar e pronto estava contratada, inicialmente limpei aquele local como nunca havia sido limpo antes, e as pessoas começaram a notar que aquele lugar estava mais bonito e mais apresentável, trabalhei dos 15 aos 18 anos lá, fiz muitos amigos, pessoas boas que me ajudaram muito, levava para casa muitos pães para todos comerem “e aquela menina que até pouco tempo só comia a ponta do pão, já podia comer um pão inteiro e oferecer também a sua família, com o passar do tempo novas oportunidades foram surgindo, como o Ceasa em Irajá, que vendia cebola, alho e batatas, porém percebia que a clientela sempre pedia ovos, perguntavam por ovos, e neste interim Elizete arranjou um trabalho no centro do Rio, no antigo SPC de telefonista da Rua da Alfandega, porém os ovos estavam na cabeça dela, seu irmão a essa altura já tinha uma Kombi velha, e Elizete não titubeou em fazer a proposta ao irmão, “vamos vender ovos na sua Kombi no centro do Rio e eu envio os clientes do Serasa para irem comprar com você!”

Inicialmente ele achou uma loucura essa ideia, porém topou, e no final de dois anos já haviam 6 Kombi e 12 vendedores na Cadeg.

Nesse período a vida já estava bem melhor, morava em Botafogo, ajudava muitos os pais, vivia bem e o melhor para ela, comia o que quisesse!

No período da Cadeg conheceu seu esposo com 21 anos, “eu sempre sonhei alto e nunca deixei ninguém me dizer que eu não era capaz!”

Há comportamentos e questões que sempre ficaram na mente de Elizete, a cordialidade, a empatia, a vontade de servir e servir sempre da melhor forma possível, sempre trabalhando para as pessoas, observava que nunca se preocupavam ao menos para oferecer um copo de agua, porque trabalhar com alimentos, venda de produtos, o serviço é pesado, braçal, e ela tem em mente agir e ser diferente, sua essência é de oferecer, de servir, um suco, uma agua, um prato comida, um sorriso, um acolhimento um bom dia, tudo isso tem um poder extraordinário.

“As pessoas são importantes, as pessoas são e precisam ser tratadas como pessoas. Nesta caminhada passaram por mim muitas pessoas que se aproveitaram de mim e eu continuei minha caminhada.

Tenho hoje em torno de 22 famílias sobre minha responsabilidade, são funcionários, pessoas que busco sempre orientar e que também ofereçam um trabalho de excelência aos nossos clientes.

Uma questão que sempre faço questão é de que meus filhos vivam minha história, eles sabem de toda essa construção da Elizete, sabem como eu penso e como é importante valorizar a vida, ser grato, sempre procurei e procuro dar bons exemplos.”

Elizete em meio a essa viagem do mulheres que realizam, percebeu que as memórias vinham com muita facilidade, o choro brotava as vezes de uma forma tão intensa que interrompia nossa conversa, ela tem algo com ela muito forte “quando digo que eu vou fazer, vou conseguir alguma coisa, eu faço e consigo! Tudo com muita luta, trabalho, eu sempre consigo!”

Observei em Elizete, uma característica muito relevante, sempre chega em todos os lugares e toma conta do espaço, com alegria e otimismo, se entra em qualquer lugar, estabelecimento, ela passa energia, otimismo, fala com todo mundo, e sempre está de olho em tudo, nunca perde uma oportunidade, é atenta, informada, e cada um dos restaurantes hoje, desde o Cantinho do tempero 1 até o 4, nasceram de oportunidades, conversas com Deus, a presença do esposo sempre com ela, Roberto, que tem muita paciência e ela evidencia a inteligência e suporte deste companheiro de vida.

Ela sempre joga para o Universo tudo que deseja, ela clama pelas suas conquistas, seus sonhos, tem muito Jesus Cristo em pauta para tudo no seu caminhar.

“Eu sempre pergunto a ele sobre minhas escolhas e meus posicionamentos para ter as respostas certas”

Quando chegou em Araruama há 6 anos atrás, a ideia era para descansar e tomar conta das crianças e agora trabalha como nunca e é muito feliz por ser essa mulher aguerrida, forte, as pessoas tem sempre uma marca, um slogan, uma característica, Elizete tem um radar, uma frase que usa em quase todas as suas falas “Glória a Deus”, sempre exalta que graças a ele tem força e saúde para trabalhar e conquistar.

“Odeio comida velha e requentada! Na infância eu sempre comia mal e hoje eu quero oferecer nos meus estabelecimentos comia, fresca, com temperos caseiros, com qualidade e sabor, eu provo tudo! Os meus clientes merecem o melhor! ‘’

“A falta de comida me levou para dentro do Universo da alimentação o que me negaram, o que era pouco para mim, o que eu não tive, agora eu dou.”

“A minha história não acaba aqui, tem algo grande para mim e eu estou preparada para receber.”

Quando cheguei Elizete me chamou de princesa, durante nossa conversa, de rainha, amiga, coisa linda, e ela é assim com todos, meu rei para cá, positiva, palavras de animo, de felicidade, mesmo em meio a tantos desafios da vida, ela acredita sempre! Tem Atitude.

Dona de uma simplicidade, o cabelo por fazer, por pintar, envolvida com tantos detalhes com muita humildade, força e humanidade.

Sabe qual a comida preferida dela? Não pude deixar de fazer essa pergunta, é frango com quiabo! Cascas de laranja, restos de comida, óleo que sobram tudo é doado, para criadores, reciclagem, ela ajuda muito as pessoas também gerando um círculo de responsabilidade social e empatia.

O apelido dela é Xicrinha dado pela família, porque sempre gostou de café e faz questão que seja tomado em xícara, desde criança admirava tomar o café assim, e é uma apaixonada por xícara!

Que prazer para o Programa Realize apresentar a Elizete, essa mulher que realmente realiza e que temos a oportunidade de conhecer melhor, você querido leitor, pode se deparar com ela por aí, quando encontrar uma pessoa com essas características em qualquer lugar não deixe de observar e analisar nessa frase dela:

“As pessoas no mundo precisam mais “serem” do que “terem “!

E agora respondo à pergunta de Elizete no início da entrevista, porque eu?

Porque ela inspira, porque mulher que realiza, é mulher de verdade, eu e você, que as vezes estamos fracas, mas somos muito fortes que damos conta de todo mundo e da gente também, que sabemos resolver tudo, que engolimos muita coisa, que soltamos outras que somos intensas e as vezes rasas, mas está tudo bem, como diz Martha Medeiros:

“Peça para um homem descrever um mulherão. Ele imediatamente vai falar do tamanho dos seios, na medida da cintura, no volume dos lábios, nas pernas, bumbum e cor dos olhos. Ou vai dizer que mulherão tem que ser loira, 1,80m, siliconada, sorriso colgate. Mulherões, dentro deste conceito, não existem muitas: Vera Fischer, Leticia Spiller, Malu Mader, Adriane Galisteu, Lumas e Brunas. Agora pergunte para uma mulher o que ela considera um mulherão e você vai descobrir que tem uma a cada esquina. Mulherão é quem arruma os armários, coloca flores nos vasos, fecha a cortina para o sol não desbotar os móveis, mantém a geladeira cheia e os cinzeiros vazios.

Mulherão é quem sabe onde cada coisa está, o que cada filho sente e qual o melhor remédio pra azia.

Lumas, Brunas, Carlas, Luanas e Sheilas: mulheres nota dez no quesito lindas de morrer, mas MULHERÃO É QUEM MATA UM LEÃO POR DIA.

Parabéns Elizete Mulherão! E todas as mulheres que realizam!

Por Valéria Campos Lemos, psicóloga empresarial.

#mulheresquerealizam #programarealize #empoderamento #regiaodoslagos

Gostou do conteúdo? Comente e compartilhe com seus amigos.

2 comentários em “Mulheres que Realizam – Elizete Gonçalves – Janeiro”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *